segunda-feira, 21 de junho de 2010

Balanço de uma semana de luta em Mafra

Deixamos aqui um texto de balanço das recentes mobilizações em Mafra, partilhado por Bruno Rosa, um dos colegas que organizou as acções de protesto e sensibilização na semana passada. É traçado um olhar sobre esta intervenção e as razões para ela, os contactos desenvolvidos, as solidariedades encontradas e os caminhos a seguir. Mas, sobretudo, percebe-se bem a energia e a disponibilidade para esta luta: em Mafra, como em todo o país, a situação de quem trabalha nas AECs tem que mudar! Carrega em "Ler mais" para ter acesso ao texto na íntegra.


AEC Mafra – Uma semana de re(in)flexão?

Em relação com a acção de sensibilização (e respectiva carta aberta informativa) levada a cabo na passada segunda-feira dia 14 de Junho, os profissionais das AECs do Agrupamento de Escolas de Mafra não quiseram deixar passar em vão a oportunidade de fazer ver a sua causa durante as jornadas de portas abertas levadas a cabo pelas respectivas escolas.

Desta maneira, foi afixada, na passada 6ª feira dia 18 de Junho, a faixa alusiva às exigências destes profissionais nas entradas da EB1 Hélia Correia e da EB1 Sanches de Brito, ambas na freguesia de Mafra. A faixa foi colocada de acordo com os horários da visita dos Encarregados de Educação a estas escolas, ou seja, durante a manhã na primeira escola e durante a tarde na segunda.

Esta acção permitiu que todos aqueles Encarregados de Educação (e foram muitos!) pudessem ter (re)conhecimento da realidade que viveram os mais de 100 profissionais que passaram por este exercício “profissional” ao longo do ano lectivo, dos quais, entre recém-chegados e resistentes, se contam actualmente e a partir de hoje à volta de 70 (novos desempregados).

Chega assim ao fim uma semana que foi de uma grande luta pela dignificação dos profissionais das AECs do Concelho de Mafra, mas também em todo o país.

Na preparação para a acção de sensibilização, conseguimos que a carta aberta elaborada fosse publicada no jornal online “O Ericeira” (aqui), no portal do Ensino Básico (aqui), do Educare.pt (aqui) e da Sala dos Professores (aqui) e nos blogs do Movimento Escola Pública (aqui), do “Precários Inflexíveis” (aqui), da FERVE (aqui) da “Educação do Meu Umbigo” (http://educar.wordpress.com/2010/06/10/as-aec-por-mafra/#comments), do “(Re)flexões – Defendendo a cidadania” (aqui), do “Ad duo” (aqui), do “Correntes” (aqui). Isto para não citar os nossas páginas dos “Professores das AECs da Grande Lisboa” e dos “Professores das AECs do Porto”. Também será publicada uma noticia na edição em papel dos jornais “O Ericeira” e “O Triângulo”.

Estas páginas web onde foi publicada a nossa carta aberta permitiram-nos fazer chegar a muitas pessoas, atentas e menos atentas, a informação básica e necessária acerca da nossa luta, ao qual ainda deveremos juntar o envio desta para as diferentes Direcções Regionais da Educação, secções partidárias locais, Associações de Pais (e Confederação Nacional), Agrupamentos de Escolas Concelhios e respectiva estrutura coordenadora, comunicação social local e nacional, funcionários da Câmara Municipal de Mafra, Sociedades e Associações de Professores e Profissionais das áreas disciplinares existentes como AEC, etc.

A acção de sensibilização da passada segunda motivou ainda a divulgação, a posteriori, do Movimento Mobilização e Unidade dos Professores (aqui) e da EduProfs (aqui).

A Rádio Concelho de Mafra (RCM) abriu o seu noticiário com a divulgação da carta aberta no dia 9 de Junho e entrevistou um de nós em plena acção e em directo. O Diário de Noticias também enviou um fotografo e houve ainda um contacto com a Agência Lusa, o qual infelizmente apenas permitiu duas notícias online na esquerda.net (aqui) e no blog do Bloco de Esquerda de Alcanena (aqui). Foi ainda possível ouvir uma peça sobre a acção no programa “Portugal em Directo” da Antena 1, RDP, na 5ª-feira dia 17 de Junho.


Note-se também que fomos ainda convidados pelas secções de Mafra do Partido Socialista e do Bloco de Esquerda, partidos da oposição autárquica, para duas reuniões onde estes se solidarizaram connosco e assinalaram a necessidade de intervenção por sua parte no Executivo camarário e na Assembleia Municipal. Destaque particular para a acção desta secção concelhia do Partido Socialista, a qual nos garantiu levar até a senhora Ministra da Educação a nossa carta aberta, permitindo a difusão da nossa luta pela via interna ao seu Partido, o qual representa o Governo central e, por isso, não poderá deixar de assumir as suas responsabilidades para que esta situação que todos vivemos seja hoje uma triste realidade.

Por outro lado, a Associação Portuguesa dos Profissionais de Inglês (APPI) e o Conselho Nacional das Associações de Professores e Profissionais de Educação Física (CNAPEF) também se solidarizou connosco afirmando estar connosco nesta luta, facto que consideramos extremamente importante tendo em conta que são as estas as entidades que regulam as orientações programáticas assumidas pelo Ministério da Educação e são também quem faz a “inspecção” da implantação das AEC no seu ramo de especialidade, representando deontologicamente os seus profissionais.

Assim, finalizando todos os contactos efectuados ao longo da semana e a própria luta levada a cabo, a qual se iniciou com a divulgação da carta aberta e a realização da acção de sensibilização de segunda-feira dia 14 em frente à EB1 Hélia Correia, foi hoje então afixada a já mencionada faixa alusiva ao contrato e direitos que exigimos em local bem à vista das comunidades escolares mas também de todos os Encarregados de Educação participantes nas jornadas de Portas Abertas das duas maiores EB1 do Agrupamentos de Escolas de Mafra.

Cremos que apesar das limitações do nosso contexto e da nossa intervenção, conseguimos levar a cabo uma acção que nos satisfaz, na medida em que alertará outros colegas de outros lados para não se deixarem levar pela precariedade a que muitos de nós estivemos sujeitos mas que também demonstrou a capacidade que, afinal, todos podemos ter e assumir para que a nossa voz seja ouvida, lida e vista.

Esta acção permitiu-nos também ver e perceber que temos mais força que outrora. E esta é uma realidade inequívoca em diferentes dimensões (local, nacional, associativa, ...) e que assume representação no episódio passado esta manhã quando a faixa foi mandada retirar por uma funcionária da Câmara Municipal, certamente desconhecedora da autorização conferida anteriormente. Em resposta, minutos depois foi uma executiva camarária (bem superior à primeira funcionária) quem mandou que a faixa fosse novamente colocada, tendo-o sido feito pelos próprios funcionários da EB1 Hélia Correia, os mesmos que a tinham retirado anteriormente.

Teria esta situação sido possível há uns meses atrás? Não acreditamos. E este facto só revela que já conseguimos mudar alguma coisa e que, por isso, somos agora mais respeitados. Esperamos que realmente nos ouçam as exigêncais e sejam proactivos, isto é, que no próximo ano lectivo sejam dadas condições laborais dignas a todos estes profissionais para que deixemos de ser vistos como professores de segunda neste Concelho.

Aqui e em todo o lado, cada vez mais acreditamos que a Escola a Tempo Inteiro não pode ser feita com professores à hora e que, nesta luta, todos juntos somos de menos..

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